quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Meios de Graça na Igreja




Meios de graça são quaisquer atividades na comunhão da igreja que Deus usa para distribuir mais graças aos cristãos. Todas as bênçãos que recebemos nesta vida são em última análise imerecidas, todas elas nos vêm pela Graça.
A igreja Católica Romana tradicionalmente acredita que a graça de Deus chega às pessoas por intermédio somente do ministério oficial da igreja, em particular por meio dos sacerdotes da igreja. Os meios de graça que denomina sacramentos são encarados como meios de salvação, que tornam as pessoas mais aptas a receber a justificação de Deus. Mas há uma diferença não somente na lista dada por católicos e protestantes, como também no significado. 
De acordo com o ponto de vista protestante os meios de graça são  simplesmente meios de os cristãos receberem mais bênçãos e nada acrescentam a nossa aptidão de receber a justificação divina. Outra diferença, os católicos pregam que esses meios dispensam graça independente da fé do ministro, enquanto os protestantes sustentam que Deus só dispensa a graça quando há fé da parte das pessoas que administram ou recebem esses meios.
  Em suma, o  ensino da palavra, o batismo, a ceia do Senhor, a oração uns pelos outros, a adoração, a disciplina da igreja, a oferta, os dons espirituais, a comunhão, a evangelização e o ministério individual. Esta lista inclui a maioria dos meios de graça a que os salvos têm acesso na comunhão da igreja. Portanto, o Espírito Santo lança mão de todos eles para conceder vários tipos de bênçãos aos cristãos.
Em uma análise breve dos meios de graça, o ensino e a pregação da palavra lhes dispensam a graça de Deus, pois é o instrumento que Deus usa para lhes conceder a vida espiritual e levá-las à salvação. A Palavra de Deus tem poder para edificar; convence o homem do pecado e o leva à justiça;  dá direção e orientação como lâmpada; as escrituras nos dão sabedoria e orientação como lâmpada que brilha em lugar tenebroso e dá também esperança aos desesperados.
Com relação ao batismo, o cristão cumpre uma ordenança de Jesus. Essa obediência é específica o ato público de confessar Jesus como Salvador, ato que por si mesmo traz alegria e bênção ao crente. É um sinal da morte e ressurreição do crente com Cristo. E há certamente um vínculo entre o batismo e o recebimento do dom do Espírito Santo. Quando há fé genuína por parte da pessoa batizada, e quando a fé da igreja que testemunha o batismo é estimulada pela cerimônia, então o Espírito Santo certamente age por meio do batismo, que se transforma assim num meio de graça pelo o qual o Espírito dispensa bênçãos à pessoa batizada e também a igreja.
A ceia do Senhor é uma ordenança que Jesus institui como dever da igreja. É também um meio de graça que o Espírito Santo usa para dispensar bênçãos aos que participam da ceia com fé e obediência às orientações dispostas nas escrituras. Existe uma união espiritual entre os salvos e o Senhor, que se fortalece e se solidifica na ceia do Senhor.
A oração coletiva na igreja reunida e a oração dos cristãos uns pelos outros são meios poderosos que o espírito usa para distribuir bênçãos aos salvos. Se a oração da igreja é genuína, expressa do coração e reflexo de fé autêntica, então é de esperar que o Espírito Santo opere grande graças por meio dela. Então, ela implica comunhão com o Espírito Santo.
A adoração genuína é a adoração em espírito, ou seja, adoração que se dá na esfera espiritual. Quando penetramos na esfera espiritual e ministramos ao Senhor em oração, Deus ministra a nós. Se a adoração é verdadeiramente uma aproximação de Deus, então devemos tê-la como um dos principais meios de graça disponíveis a igreja. Por meio desta, Deus dispensa maiores graças ao seu povo.
A disciplina da igreja é um autentico meio de graça pelo o qual se fomenta a pureza da igreja e se estimula a santidade de vida. É meio pelo os quais grandes bênçãos podem vir à igreja, reconciliando os crentes em si e com Deus, fazendo voltar a obediência do irmão que está em pecado, exortando todos a que temam, aumentando a pureza moral da igreja e protegendo e promovendo a glória de Cristo. 
A oferta é feita com fé, pela a devoção a Cristo e por amor ao seu povo, então certamente haverá grandes bênçãos nela. Quando a contribuição se faz com alegria, não com tristeza ou por necessidade, vem com ela a grande recompensa do favor de Deus. Paulo encara a doação de recursos financeiros como semeadura espiritual que trará colheita.
Os dons espirituais são todos eles meios pelos quais o Espírito Santo distribui bênçãos mediante cada cristão. Pedro considera os dons veículos pelos quais a graça de Deus vem à igreja. Quando os dons são usados em benefício uns dos outros na igreja, a graça de Deus é assim dispensada àqueles a quem Deus pretende concedê-la.   
Na comunhão dos crentes crescem a amizade e o afeto naturais uns pelos outros. Sendo assim, cumpre o conselho de Paulo: “Levai a carga uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo". Também seria agradável que os cristãos reconhecessem que se prova certa medida da graça de Deus quando os cristãos desfrutando da comunhão uns com os outros.
A evangelização pode ser realizada individual ou uma atividade coletiva da igreja que é um meio de graça não só porque ministra graça salvífica aos que não estão salvos, mas também porque quem evangeliza vivencia mais a presença e a bênção do Espírito Santo.
 O ministério individual é mais um meio específico que o Espírito Santo usa com bastante freqüência para distribuir bênçãos a cada cristão. Às vezes, esse ministério assume a forma de palavras de ânimo, exortação ou sábio conselho.
No tocante ao ato de lava-pés que está escrito em João13.14, há vários motivos para não considerar que Jesus estava estabelecendo outra cerimônia para a igreja além do batismo e da ceia do Senhor. O batismo e a ceia do Senhor eram claramente atos simbólicos, mas o ato de Jesus ter lavado os pés dos discípulos foi claramente prático, não simbólico, pois atendia uma necessidade humana normal daquele tempo que era tirar a sujeira dos pés. Portanto, ninguém deve pensar que Jesus nos esteja exortando a praticar o rito de lava-pés.     
Conclui-se, que cada cristão deva buscar avidamente com fé e obediência participar de todos os meios da graça de Deus, pois esses meios surgem na comunhão da igreja e o Espírito Santo usa para distribuir bênçãos ao seu povo.    
 
FONTE: 
Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, São Paulo: Vida Nova, 1999. 

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