A expressão ordem da salvação é atribuída ao teólogo
luterano Jakob Karpov. Refere-se à ordem lógica na qual experimentamos o
processo de passar de um estado pecaminoso para a plena salvação. Contrapondo-se a essa ideia, o catolicismo romano direciona essa ordem aos sacramentos, a saber, ao
batismo, a eucaristia, a penitência e a extrema-unção.
O termo usado em latim é Ordo Salutis. Essa ordem é composta pela a eleição, o arrependimento e a fé, a regeneração, a justificação, a adoção e a perseverança. Vejamos:
A Eleição – A Bíblia ensina uma escolha
feita por Deus. Sempre a iniciativa é de Deus. Paulo deixa claro em Romanos ao
declarar que Deus apenas escolhera os descendentes de Isaque para serem seus filhos.
Portanto, a ênfase de Paulo é que ser filho de Deus depende da livre e soberana
expressão de sua misericórdia, e não algo que sejamos ou façamos. O calvinismo
entende que esse trecho afirma a doutrina de uma escolha arbitrária de Deus,
que não leva em conta a responsabilidade e participação humana. Porém, em
objeção a doutrina calvinista no mesmo trecho de Romanos surge evidências da
participação e responsabilidade humanas. A presciência de Deus reflete o que
Ele sabe, mas no tocante a salvação a Bíblia não dá o mínimo indício do que
Deus sabia com antecedência. A palavra chamada
subentende uma resposta, e, se correspondermos a ela, tornamo-nos eleitos
de Deus. Quando Deus nos chama para si, visando a salvação, é sempre uma
chamada da graça. E há somente uma resposta apropriada a tamanho amor:
arrepender-nos e crer.
O Arrependimento e a Fé – São os dois
elementos essenciais na conversão. Envolvem uma virada contra – arrependimento
– e uma virada para a fé. No A.T. a palavra arrependimento significa voltar. No N.T. emprega o termo epistrephõ no sentido de voltar para Deus. Também se utiliza a
palavra metanoeõ para expressar uma
ênfase á mente e à vontade. Embora o arrependimento envolva as emoções e o
intelecto, é a vontade que está mais profundamente envolvida. Por outro lado, a
fé abrange a confiança, para se referir à confiança ilimitada (com obediência e
total dependência). Somos salvos pela a graça mediante a fé. Crer em Jesus leva
à vida eterna. Então, o ato de crer não é de Deus, é do homem.
A Regeneração – Deus realiza atos
soberanos que nos introduzem na família do seu reino, regenera os mortos em
seus pecados. A regeneração se define como a ação decisiva e instantânea do
Espírito Santo, mediante a qual cria de novo a natureza interior. O N.T.
apresenta a figura do ser criado de novo, da renovação e o nascer. A expressão
nascer de novo diz respeito a uma transformação radical. Sendo o início da
experiência de Cristo e do Espírito em nosso caráter moral.
A Justificação – É o ato de modificar a
nossa situação diante de Deus. Leva a efeito uma mudança em nossa natureza.
Cristo pagou a penalidade integral do pecado, agora somos postos diante de Deus
como plenamente absolvidos. Tendo sido justificados pela graça, mediante a fé,
experimentamos grandes benefícios: paz com Deus, preservados da ira de Deus e
certeza da glorificação final. A justificação nos torna herdeiros da vida
eterna.
A Adoção – É a condução para um novo
relacionamento, pois nos adota como família mediante a obra salvífica de Cristo.
É o ato da graça de Deus o qual nos concede todos os direitos e obrigações da
afiliação aqueles que aceitam a Cristo. Por enquanto, é uma realidade presente, mas será plenamente realizada
na ressurreição dos mortos.
A Perseverança – Biblicamente refere-se
à operação contínua do Espírito Santo, mediante a qual a obra que Deus começou
em nosso coração será levada a bom termo. Não significa que todo aquele que
professa a fé em Cristo e se torna de uma comunidade de crentes tem a segurança
eterna. A certeza da salvação é dada a todos os crentes verdadeiros mediante o
Espírito santo, estamos em Cristo, nossa redenção e justiça. Esta verdade se
aplica aos calvinistas e também aos wesleyanos-arminianos.
FONTE:
Horton Stanley M.
Teologia Sistemática – Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de janeiro. CPAD, 1996
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